-Bainhas Abertas-
As bainhas abertas constituem um trabalho em que, previamente, se retiram fios ao tecido, só se retiram os fios numa dada direcção, paralela ao correr do trabalho e do modo como este se desenvolve.
Quem faz bainhas abertas geralmente especializa-se neste tipo de trabalhos. Embora muitas bordadeiras tenham aprendido a bordar outros pontos, quando se dedicam às bainhas abertas, dificilmente deixam de as fazer.
Como o nome indica, durante muito tempo, as bainhas constituíam uma técnica que, sobretudo, valorizavam os acabamentos de toalhas e lençóis, embora desde sempre, tenham sido usadas num contexto decorativo mais amplo, como por exemplo a definir centros de mesa.
Por outro lado, as bainhas abertas tornam-se especialmente apropriadas em peças como cortinas ou cortinados, pois jogam numa transparência que, no entanto, é mais aparente que real.
Os trabalhos de fios puxados, não são tão finos nem tão parecidos com renda como os do bordado de fios agrupados.
O « Lenço de Namorados»: da fidelidade ás desavenças
A origem dos “lenços de namorados” e os designados “lenços de pedidos” pensa-se que esteja nos lenços senhoris do século XVII e XVIII, e que foram adaptados pelas mulheres do povo com o fim de conquistar o seu namorado. Antes de tudo, estes lenços faziam parte integrante do trajo feminino e tinham uma função fundamentalmente decorativa. Eram lenços geralmente de linho ou algodão, bordados segundo o gosto da bordadeira. Mas não é enquanto parte integrante do trajo feminino que interessa o seu estudo, mas a sua outra função, não menos importante, e da qual lhe vem o nome: a conquista do namorado. A moça quando estava próximo da idade de casar confeccionava o seu lenço bordado a partir de um pano de linho fino que por ventura possuía ou dum lenço de algodão que adquiria na feira, dos chamados lenços da tropa. Para realizar esta obra, a rapariga utilizava os conhecimentos que possuía sobre o ponto cruz, adquiridos na infância, aquando da confecção do seu marcador ou mapa. Depois de bordado, o lenço ia ter às mãos do “namorado” ou “conversado” e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente o lenço ou não que se decidia o início duma ligação amorosa.
TROCA DE PALAVRAS
Outras vezes eles eram motivo duma simples brincadeira ou troca de palavras. Nas festas os rapazes tiravam os lenços das raparigas simulando uma ligação amorosa. Quando o rapaz já tinha namorada o facto de simular uma ligação com outra ao roubar-lhe o lenço era muitas vezes motivo de desavença entre a sua namorada e aquela a quem o lenço tinha sido roubado. Os lenços são no seu formato, geralmente quadrados com cerca de 50 a 60 centímetros de lado. O lenço no rapaz, para além de ser usado por cima do casaco domingueiro, podia também ser usado na aba do chapéu ou até mesmo na ponta do pau que era costume o rapaz trazer consigo. Caso a rapariga não fosse correspondida o lenço voltaria ás suas mãos. Se o namorado trocasse de parceira, fazia chegar à sua antiga pretendida o lenço, fazendo-o acompanhar de todos os objectos que ela possuía, fotografias e cartas. Do mais “clássico” ao mais “barroco” na exibição decorativa, em todos os lenços está presente a temática amorosa. Uma ideologia, uma religião e uma paixão ardente, é o que defendem estes lenços, no fundo uma maneira de sentir a vida, talvez recriá-la mesmo inconscientemente.
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